Conheça a história de Igor Kanário, cantor do grupo baiano A Bronkka.
O primeiro DVD da carreira foi gravado em Camaçari
Igor Kanário, 26 anos, está pegando impulso para voar. Do alto de uma ladeira na região do Cidadela, na Avenida ACM, o vocalista da banda
A Bronkka - novo destaque do pagode baiano e candidato a revelação do Carnaval 2012 - se preparava para comprovar o seu sucesso com uma sessão de fotos para o CORREIO, uma semana depois de gravar o primeiro DVD da carreira, em Camaçari. O DVD deve sair em outubro.
Ainda ali, no meio da rua, começou também a entrevista. “Esse negócio de posar pra fotos... acho que não tenho muito jeito não. Será que isso vai ficar bom?”, disse, ainda envergonhado, antes de se soltar e começar a fazer poses estilosas, como esta da imagem acima.
Logo, as pessoas começaram a olhar curiosas. Algumas o reconheceram: “É o Periquito aí, não é? Periquito! Ou, não! O nome dele é Kanário, d'A Bronkka! É isso mesmo, sei quem é ele!”, identificou um rapaz engravatado que passava pelo local.
Conhecido como Príncipe do Gueto, Igor Kanário, 26 anos, vocalista da banda A Bronkka, se considera porta-voz da periferia por cantar músicas que dialogam com jovens humildes.
Periferia
Igor passou a ser reconhecido desde que lançou músicas como Banho de Sol, Tome Dalila, Conspirador e Cyclone, esta última associada por muitas pessoas a Kelly Cyclone - jovem apelidada de Dama do Tráfico e assassinada há duas semanas - que era muito fã do grupo.
Com esses e outros sucessos, A Bronkka passou a ser reconhecida pelo diálogo com a periferia. “Cyclone não é marca de ladrão/ É a moda do gueto/ Mas com toda discriminação/ Eu imponho respeito”, diz a composição, feita por Igor, que morou a maior parte da vida no bairro da Liberdade.
“Vivi a vida toda naquela área. E já fui muito discriminado e humilhado por isso, pela desigualdade social, racial... Só por morar na periferia, todo mundo já te olha torto. Por isso, hoje canto o que vivo, buscando inspiração na realidade do povo”, diz o cantor que, embora viva atualmente em uma área nobre da Pituba, junto com a mãe, é apelidado de Príncipe do Gueto e considerado porta-voz
da periferia.
Início
Já instalado no escritório da banda, na produtora Showmix, também localizado na Avenida ACM, Igor relaxa, tira os óculos escuros com detalhes dourados e conta como começou a cantar, ainda na adolescência.
A primeira vez foi quando tocava na banda Produsamba e foi chamado para substituir o vocalista quando ele faltou. “Meu Deus, quanto tempo tem isso!”, diverte-se, e continua. “Depois disso, não larguei mais o microfone. Sempre soube que queria ser cantor. Desde pequeno, com uns 7 anos, eu falava isso para minha mãe, que sempre reclamava e mandava eu ir estudar. Ela queria que eu fosse doutor”, lembra Igor, que tem uma filha de 7 anos.
Ele, no entanto, não chegou a concluir o ensino médio. “Não tinha mais como ir para a escola, né? Parei no segundo ano do segundo grau. Faltava só um ano. Era muito show, muito ensaio... Mas ainda penso em voltar e terminar”, planeja.
Depois da Produsamba, Igor passou pelos grupos Coisa do Samba, Patrulha do Samba e Swing do P, até criar, junto com os amigos com quem toca há nove anos, a banda A Bronkka, em 2009.
DILEMA ---- " DEUS ESTA NO COMANDO "